18 Jul
18Jul

O Instituto Gaia foi uma das Instituições apoiadoras do XIII Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, coordenando juntamente com a REDE de Comunidades Tradicionais Pantaneira o Simpósio: “Áreas Úmidas sem Fronteiras: Corredores Bioculturais e Agroecologia” realizado na Universidade do Estado de Mato Grosso no começo da semana.

Três importantes temas foram abordados - Corredores Bioculturais, Comunidades da Agroecologia e Pacto pela Restauração do Pantanal. Cada tema foi apresentado com um objetivo, mas sem deixar de lado a interconectividade existente entre eles. “Corredores Bioculturais” foi o tema de abertura do Simpósio, que contou com a  presença de participantes de forma remota e presencial.

É importante destacar a presença e participação da comunidade tradicional no diálogo dos três temas. Estiveram presentes representantes da comunidade tradicional ribeirinha, que há mais de 300 anos está presente no Pantanal e representantes da comunidade indígena Chiquitana, que trouxeram para debate questões da comunidade e que enriqueceram de forma extraordinária todo o Simpósio.

Claudia Sala de Pinho, atual coordenadora regional da REDE de Comunidades Tradicionais Pantaneira enfatizou o protagonismo que deve ser dado aos “guardiões” do Pantanal, e ressaltou “Pantanal é gente”, gente que muito antes de toda essa ganância e ignorância advinda do agronegócio, vive no Pantanal, sem deixar de protegê-lo. 

É mais do que justo que este povo que sempre protegeu e protege o Pantanal tenha espaço de fala, incluindo os pescadores, agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas, que sempre estiveram inseridos nesse espaço e são quem realmente conhece o Pantanal.

Durante a explanação da pesquisa “Pescadores Tradicionais de Cáceres: território e identidade” feita pelo Prof. Dr. Antônio João, membro do Instituto Gaia e do corpo docente da UNEMAT, com apoio do Sr Lourenço Pereira, que é pescador tradicional e da REDE de Comunidades  -  pode ser notado como as mudanças na legislação ambiental provocaram alterações negativas expressivas na vida do povo, pois permitiu que áreas antes protegidas fossem desmatadas, o uso indiscriminado dos recursos ambientais, provocando mudanças na qualidade da água, desaparecimento dos peixes decorrente do desequilíbrio do ecossistema aquático e incêndio florestais.

E para encorpar o diálogo, Oscar Rivas, atual coordenador do Eixo 6 “Corredores Bioculturais” do programa Humedales sin Fronteras participou de maneira remota, e levantou a seguinte pergunta: “Mas afinal, o que são os Corredores Bioculturais?” Disse que na antiga língua Tupi Guarani “o caminho para a terra onde o mal não existe” era a definição de corredor biocultural, sendo ela uma  terra onde tudo floresce e não existe o mal e que o caminho que nos conduz para a terra onde o mal não existe, passa pela afirmação da nossa memória como uma dimensão do território real.

Ou seja, o corredor biocultural não é só um espaço físico, mas sim um ambiente com comunidades que resistem e são resilientes.  Logo, não se trata apenas da defesa do bioma Pantanal, mas também das comunidades que aqui existem e resistem.

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