A Performance intitulada “Revoada em Defesa do Pantanal” aconteceu na grande capital Cuiabá, nos dias 02 e 03 deste mês, de autoria do Prof. Sandro Lucose, que leciona no Instituto Federal de Mato Grosso, é ator e ativista ambiental.
“Não deixe o Pantanal morrer, SALVE o Pantanal” é o grito de luta, o pedido de socorro que ecoou nas vozes dos alunos do IFMT de Cuiabá, membros do Instituto Gaia, FORMAD (Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento), bolsistas e estagiários da UNEMAT/Cáceres e dos Jovens da Reserva da Biosfera do Pantanal.
Esse movimento é um chamado para as gerações. Um chamado para ser sensível e crítico com as questões ambientais. O bioma Pantanal, sofre com a ignorância, ganância, e prevalência de pequenas minorias que detêm o poder e que deixam claro que o que importa é o aumento de seus lucros e patrimônios.
A PL 11.861/2022 que modifica a lei 8.830/2008 – Lei do Pantanal, é um exemplo - exemplo de um, dos muitos retrocessos que impactam o Pantanal, já que possibilita o uso de áreas sensíveis como as áreas úmidas para a criação de gado em pecuária extensiva, e a introdução de pastagem, que modifica a paisagem natural e específica da planície inundável.
O ato contou com gritos de repúdio a essa PL, e aos incêndios que atingiram o Pantanal, e a sua vegetação, os animais, desde os menores aos de grande porte como jacarés, antas, e a imponente onça-pintada, e a todas as pessoas que respiraram a fumaça vinda das chamas dos incêndios de 2020 e 2021.
No dia 02 ao fim de uma passeata pelas ruas da grande Cuiabá, uma carta em Defesa do Pantanal foi protocolada no Ministério Público Estadual, demonstrando o descontentamento e pedido de barragem da PL 11.861/2022, com assinaturas de Organizações e sociedade civil, reforçando que não nos demos por vencidos e que a luta continua.
No dia 03, pela manhã, às margens do Rio Cuiabá, a dança dos jacarés foi encenada, com muita sensibilidade e demonstração da necessidade de rios protegidos e saudáveis, que permitam a permanência de animais como o jacaré e de peixes como a Piraputanga e o Pacu, que são característicos da região.
Foto: TV Centro América
Vale ressaltar que o rio Cuiabá, foi tema da Audiência do dia 24 de agosto de 2022 onde foi posto em votação na Assembleia se o veto do governador Mauro Mendes (União Brasil), seria mantido ou derrubado. Esse veto é em relação ao PL 957/2019, que proíbe a construção de barragens e PCHs nas águas do Rio Cuiabá.
Diante da grande pressão imposta por pescadores, sociedade civil, ONGs e Instituições, os deputados se sentiram impulsionados a votar de forma favorável para a manutenção do Rio Cuiabá livre de hidrelétricas. Com uma votação favorável de 20 dos 23 deputados, foi possível a comemoração da derrubada do veto.
Na sequência, do Rio Cuiabá fomos para a Igreja do Rosário, sendo nosso ponto de encontro e seguimos em direção a praça, em passeata, onde o grande ápice da performance foi encenado: representando os animais que se foram, vítimas dos incêndios dos anos passados, uma ilustração de onça-pintada foi incendiada por Sandro e suas cinzas trouxeram emoção a todos que estavam ali, pois relembra toda a biodiversidade presente nos 30% que foram atingidos pelas chamas em 2020.
“A Revoada que hoje temos no Pantanal é muito mais silenciosa, em comparação a que tínhamos antes desses incêndios” disse Sandro, com voz expressiva e emotiva. Houve muita perda no Pantanal nos últimos anos, perda de espécies nativas, de animais típicos, e perda também de identidade, vinda da violência e opressão sofrida pelas comunidades tradicionais, como indígenas e pescadores.
O Instituto Gaia agradece ao Artivista Sandro Lucose e ao FORMAD pelo convite. Juntos seguimos, por um Pantanal inteiro, e não pela metade!
Por Maura Palocio, Instituto Gaia