11 Jun
11Jun

Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e as comunidades que a praticam, ou mais que isso, fazem da agricultura seu modo de vida, foi realizado  a 12ª Festa da Agricultura Familiar, que este ano teve como tema “Agricultura Familiar: quem não vive dela, precisa dela para viver”, promovida pelo STTR (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Cáceres) e seus parceiros – Instituto Gaia, COOPERSSOL (Cooperativa de Consumo Solidário e Sustentável), Fé e Vida, ADUNEMAT, CTA (Centro de Tecnologia Alternativa), Deputado Estadual Lúdio, FASE, COOPFAMI (Cooperativa Agropecuária Produtores da Agricultura Familiar).

Esperançar: verbo de ação que exprime muito bem como é a vida no campo, na roça. Por mais que existam as dificuldades, é nítido a vontade de continuar, de lutar e de resistir dessas pessoas que ali se reuniram, para partilhar e somar novas oportunidades de se manterem firmes aos seus princípios.

Foram abordados assuntos muito importantes para a agricultura familiar, como o uso dos recursos hídricos, a questão dos incêndios, propostas de políticas públicas para melhoria no campo, como garantir alimentos saudáveis, a questão da agroecologia como uma nova maneira de plantar, diálogos sobre comercialização e produção na região da grande Cáceres e uma Assembleia Geral dos Associados do Sindicato.

Segue um recorte da programação: Acolhida das comunidades com a mística de abertura; uma breve Análise da conjuntura da política atual e seus impactos para agricultura familiar; seguida de um Diálogo sobre comercialização e produção na região da grande Cáceres; a questão da Água; a produção de alimentos saudáveis; o ato de Esperançar; e propostas de políticas públicas para melhoria do campo e troca de sementes entre as comunidades.

Lúdio Cabral (Deputado Estadual de Mato Grosso) enfatizou a importância da agricultura familiar “ A produção de alimentos em pequenas propriedades pode ser mais lucrativa do que a produção advinda do agronegócio”. Comentou também sobre a importância da implementação da agroecologia nesses espaços.

Como um dos focos do evento é a apreciação dos produtos produzidos pelas comunidades tradicionais e grupos familiares, cada comunidade ou assentamento trouxe seus produtos para que fossem comercializados durante uma Feira de Produtos da Agricultura Familiar.

Ação que fomenta ainda mais o empoderamento das comunidades e de seus artigos e alimentos como frango caipira, carne de porco, bolos, garapa, banana-da-terra, queijo, poncã, mandioca, mamão, mel, abóbora, taioba, limão, curau, hortaliças em geral, farinha, café tradicional,  laranja, cerveja artesanal e doces – todos produzidos por eles.

Estiveram presentes representantes das comunidades/assentamentos do Limoeiro, Laranjeira, Laranjeira I, Pé de Anta, PA Tarumã, Paiol, Santa Luzia, Corixinha, Vale do Mangaval, Sadia Vale Verde, Recompensa II, Roça Velha, Limão, Cinturão Verde, Katira, Morraria e  Chiquitana.

Bethânia de Carvalho, membro do Instituto Gaia e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Jauru, destacou como o agronegócio utiliza as águas subterrâneas e dos rios na  produção de soja e outras monoculturas. Produção esta que é utilizada para produzir ração para animais no exterior. Ou seja, essa água sai do país incorporada nós grãos exportados sem nem sequer ter seu valor dimensionado e devidamente ressarcido à sociedade.

Também foi falado dos empreendimentos hidrelétricos,  que há 100 projetos dentro da bacia do Alto Paraguai e quando se constrói vários no mesmo rio os impactos são ainda maiores, como o exemplo do rio Jauru que durante o fechamento das comportas dos empreendimentos em operação secou o rio por vários dias durante o enchimento das barragens.

Uirandi Artioli também membro do Instituto Gaia citou o exemplo da PCH Nova Guaporé que ainda neste mês de junho,  durante o enchimento do reservatório acabou mudando drasticamente o nível do rio causando a mortandade de algumas espécies de peixes que estavam adaptadas ao nível mais alto e ressaltou que mesmo sendo uma única PCH os impactos gerados são relativamente grandes.

Maria Rita Schmitt, integrante do Projeto Restaura Pantanal, projeto este executado pelo Instituto Gaia, falou sobre os incêndios, e comentou sobre o Decreto MT 1356/22 divulgado em nota pelo ICMBio (parceiro do projeto). Esse decreto proíbe o uso do fogo no MT a partir do dia 1/07/2022, que traz um alerta para os níveis do rio Paraguai, que se encontram abaixo dos níveis registrados em 2020 - ano recorde de incêndios florestais. 

E ressaltou, que esse ano os incêndios são uma grande ameaça aos cultivos dos  agricultores, sobretudo os pequenos agricultores, e em diálogo com os agricultores, houve trocas de conhecimentos sobre as medidas para amenizar ou até mesmo evitar os danos decorrentes do fogo.

Por Maura Palocio, Uirandi Artioli, Wisllene Souza, Instituto Gaia

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